quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

(re)começar

Sabe, engravidar na adolescencia não é uma coisa muito fácil. Pior ainda se você descobre que tá grávida de um cara e namora com outro. Pera, não sou uma biscatinha pervertida. (me desculpa se você é) eu descobri a gravidez aos seis meses e ja tinha terminado com o pai da minha filha a pelo menos tres quando eu comecei a namorar de novo. Quando você só consegue pensar que sua vida vai acabar, que você não vai mais sair, que vai ficar gorda e feia e tanto o seu namorado quanto qualquer outro cara nunca mais vai te querer, quando você vê o seu corpo mudar e ficar estranho, quando você vomita a cada 5 seg e mesmo assim não para de comer nunca, você simplesmete não qer curtir aquela barriga crescendo e começando a chutar, você não chora nos ultrassons, não cria expectativa, você não quer aquilo, pelo menos eu não queria. Eu olhava pros lados e parecia que todo mundo tava de alguma forma feliz com aquilo, menos eu (e o meu pai, claro)  a minha mãe me dizia pra conversar com a barriga e fazer carinho e um milhão de rituais de grávidas e eu simplesmente não fazia. Pra mim era babaquice olhar aquela barriga e conversar com ela. As pessoas beijavam, pegavam, conversavam e me diziam parabens, eu fazia cara de quem gostava e sorria: -obrigada; mas por dentro, só eu sabia o que tava acontecendo. Minha irmã amava aquilo e eu amo minha irmã, então eu ficava ali, naquela situação enlouquecedora, contando os segundos pra minha vida mudar de uma maneira que nunca mais ia voltar ao ritmo normal. Pensava nas noites que eu ia perder, nas saidas que eu não ia mais ter, no meu corpo que jamais ia voltar ao normal... segurei firme e fui. Seria injusto com tudo eu não dizer que, apesar de tudo, o namorado ajudou muito, ver ele ali na médica, bem na hora que você descobriu, pensar mil coisas e ver ele segurar sua mão e dizer: não se preocupa, eu te amo e vou ficar do teu lado. E ver ele fazer isso dia após dia, você cada vez mais gorda e feia e ele ali todo dia dizendo que você ta linda, enquanto você não quer saber de barriga nenhum ele ali, deitado do seu lado conversando com o seu nenem, que não é nem nenem dele, dando amor, carinho, atenção... Saber que ele tava ali aguentando a sua transgressão de humor, seus pitis, suprindo suas necessidades, andar com você de mãos dadas e passar na frente dos amigos e não se importar com nenhuma piadinha. Ver ele chorar quando na primeira ultrassom que ele vai contigo, a médica pergunta o nome e voce diz: -Maria Eduarda; assim como ele queria que fosse. Não foram sempre rosas, mas só eu sei a importância que teve. Como querer uma gravidez se você vê seu pai querendo te bater, deixando de falar com você, cortando seu dinheiro, te falando mil coisas que você precisava, mas não queria ouvir naquele momento.. Me surpreenda que todo aquele transtorno durou só dois meses. Com oito meses e dois dias a pequenininha resolveu que tava na hora de nascer e assim foi... dia 25 de outubro de 2009, 23:03 foi ali que a minha vida (re)começou. 


... continua

Nenhum comentário:

Postar um comentário